5 impactos transformadores do ciclismo urbano

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Traduzido do artigo de Adam Stones para o blog da ONG BYCS

Há mais bicicletas que pessoas em Amsterdam. Mas quem visita a cidade não encontra um “ciclista” sequer, apenas milhares de pessoas que andam de bicicleta: vão para a escola, para o trabalho, às compras, ao encontro de amigos. Ninguém veste lycra ou roupas fluorescentes, como se estivesse indo à guerra. O que se encontra são espaços amplos e abertos; lugares que um dia foram ruas e estacionamentos, e hoje são parques públicos e praças, espaços que foram reconquistados pelas comunidades. Chega a dar inveja a muitas outras cidades que, ao redor do globo, anseiam por adotar o “modelo holandês”.

Por que isso é importante? Na Holanda, 75% dos estudantes do Ensino Médio vão para a escola de bicicleta; não é mera coincidência que a Unicef afirma que os jovens holandeses estão dentre os mais saudáveis e felizes no mundo, com as menores taxas de depressão e obesidade.

Mas esse não passa de um parâmetro – há muitos outros. Para além das ruas da Holanda, é possível compreender quais são os benefícios do ciclismo urbano onde quer que ele aconteça ao redor do globo, graças às pesquisas da ONG BYCS. Suas análises oferecem uma maneira de se enxergar os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte em cidades do mundo inteiro.

1. Saúde

É comum se falar dos benefícios que andar de bicicleta traz à saúde, mas sem a ênfase merecida. Quem pedala regularmente reduz o risco de sofrer doenças cardícas em 52%, e de ter alguns tipos de câncer em até 40%. Também diminui o risco de ter diabetes tipo 2 e derrames. Andar de bicicleta também traz benefícios notáveis para a saúde mental, ajudando a controlar o estresse e a ansiedade, e auxiliando no combate à depressão. Isso é de extrema importância, já que uma em seis pessoas está enfrentando questões de saúde mental neste momento.

2. Mobilidade

Várias discussões sobre o ciclismo se interrompem aqui: as bicicletas levas as pessoas do ponto A ao ponto B de maneira eficiente, com boa saúde. Ponto final. O ponto crucial, no entanto, é que elas nos levam do ponto A ao ponto E, de Educação, Emprego e serviços Essenciais. Para muitos de nós não há nada demais nisso, mas há muitos milhões de pessoas para quem essas comodidades estão fora de alcance. Graças à simplicidade e ao baixo custo da bicicleta, muitas pessoas de várias faixas etárias, escalões de poder aquisitivo e níveis de abilidades conseguem acesso a uma vida melhor por meio da bicicleta.

3. Comunidade

Quando todos têm esse tipo de acesso, é possível construir comunidades mais fortes. De bicicleta todos são iguais, e quem sai ao ar livre se abre para conectar-se às pessoas ao redor. A bike nos ajuda a criar lugares inclusivos e seguros com cidadãos engajados e integrados como núcleo. Essa é a razão por que precisamos garantir que todos sejam capazes de pedalar com segurança e confiança, não importa se têm 5 ou 85 anos.

4. Meio-ambiente

Pedalar nos mantém em conexão com o mundo ao nosso redor e nos torna mais atentos às mudanças que somos capazes de efetuar. Nós sabemos que o aquecimento global nos afetará a todos, e esse parece ser um assunto grande demais para uma pessoa só. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) tem uma recomendação bem simples para dar: nós todos precisamos andar mais de bicicleta. Além disso, há a questão da poluição atmosférica, que causa nove milhões de mortes por ano. A bicicleta é um veículo ecológico que podem ajudar a solucionar esse problema.

5. Economia

Empresas que incentivam seus funcionários a irem de bicicleta até o trabalho costumam obter resultados melhores – elas atraem talentos mais qualificados, e essas pessoas se tornam mais presentes, mais criativas e mais produtivas; elas alcançam melhores resultados. Levado a grandes escalas, esse princípio torna bairros e cidades economicamente mais fortes. Um estudo no Reino Unido demonstrou que quem não dirige gasta 40% mais por mês em lojas de bairro em comparação aos moradores motorizados. Ainda mais animadora é a maneira como a filosofia de uma cidade – seu DNA – se transforma quando ela passa a dar prioridade para as bicicletas. Essa mudança inspira e possibilita que uma economia sustentável ali se estabeleça.

Quando se agrega todos esses fatores, pode-se aferir que andar de bicicleta pode ajudar qualquer cidade a resolver uma ampla variedade de seus desafios mais prementes. E, no entanto, nenhum lugar na face da Terra até agora conseguiu atingir plenamente o potencial da bicicleta, pois nenhum ainda foi capaz de conectar todos esses pontos. As cidades que realmente querem se preparar para o futuro devem parar de tratar a bicicleta como se fosse uma mera questão de mobilidade. Devem parar de ponderar apenas se os táxis autônomos devem ganhar tanto apoio quanto a infra-estrutura cicloviária e as campanhas educacionais. Devem considerar pedalar uma transformação, não apenas um meio de transporte, e moldar suas visões de acordo com esse pricípio. As ideias capazes de alavancar o progresso da bicicleta vão então surgir de toda a comunidade, investimentos brotarão das mais variadas fontes e as pessoas que hoje atravancam seu desenvolvimento se tornarão seus defensores. Quando isso acontecer, todos nós seremos beneficiados.