Entre as 4h do dia 1º de novembro e as 9h do dia 6 de novembro (horário local), as fontes de energia renováveis instaladas em Portugal geraram eletricidade o suficiente para atender às demandas de seus 10 milhões de habitantes, sem necessitar recorrer às usinas movidas por gás natural. E mais: nos períodos de pico de produção, o país dispôs de energia o suficiente para vender à Espanha, seu país vizinho.
Foram 149 horas consecutivas em que as usinas eólicas, solares e hidrelétricas lusitanas deram conta de todo consumo do país. “As usinas a gás estavam ligadas, prontas para gerar energia se necessário”, esclareceu Hugo Costa, gerente da regional portuguesa da empresa de geração de energia EDP Renewables. “Mas não foi necessário, pois, apesar da chuva, o vento estava soprando muito forte.”
O novo recorde deixa mais próximo o dia em que Portugal não precisará mais recorrer ao gás natural para gerar energia elétrica. De janeiro a outubro de 2023, essas usinas foram responsáveis por 21% da eletricidade consumida no país. Os líderes lusitanos pretendem aposentar todas as usinas movidas a gás natural até 2040.
Fontes de energia cada vez menos poluentes
Assim como muitos países europeus, Portugal dependia de usinas movidas a carvão mineral para gerar eletricidade. A construção de hidrelétricas teve início em 1974, após o final da ditadura do Estado Novo. Na década de 1990 o país passou a investir em turbinas eólicas ao longo de sua costa. Mais recentemente, nas últimas décadas, os portugueses começaram a investir em painéis solares, aproveitando a redução de preço nessa tecnologia. A última usina movida a carvão mineral do país fechou as portas em 2022.
Essa combinação de várias fontes diferentes de energia renovável foi a responsável pelo recorde de novembro, e é a aposta do país para conseguir alcançar a meta de zerar a emissão de carbono para geração de energia até 2050.
O governo português já traçou estratégias para gerar cada vez mais energia verde. Para começar, pretende trocar as turninas eólicas por modelos mistos, que aliam placas solares a turbinas mais modernas. Como o território do país é pequeno, substituir as usinas eólicas mais antigas, que geravam 500 kilowatts, por modelos de 6,2 megawatts, é uma peça chave para expandir a produção de energia. Mas o país também já começa a construir turbinas eólicas flutuantes em alto mar.
Com esses planos, o país espera produzir 85% de sua energia por meio de fontes renováveis até o ano de 2030. Portugal já está bem mais adiantado que o resto da União Europeia em suas metas de desenvolvimento sustentável. Que mais países – inclusive o Brasil! – se inspirem e alcancem resultados promissores como esse.
